Arte com caneta esferográfica: conheça a técnica usada pelo artista Jailson Belfort

Ao longo dos anos, os homens se valeram de diferentes recursos para registrar suas ideias, seus conhecimentos e fazer contabilidade: pincel, cálamo (pedaço de cana ou junco talhado), madeira, osso, pluma, caneta bico de pena (metal) e caneta-tinteiro (modelo em que a caneta tem um reservatório interno de tinta).

Mas desde que foi criada, nos meados do século XX, a caneta esferográfica oferece inovações relevantes, proporcionando uma moderna versatilidade de técnica aos artistas, profissionais ou amadores, sendo bem considerada como meio de expressão comparada a outras técnicas tradicionais. Além da praticidade, disponibilidade e baixo custo, tornando-a um ícone entre seus usuários. Os resultados obtidos podem variar de uma arte extremamente precisa a trabalhos soltos e sketches.

Nesse artigo, separamos algumas dicas incríveis para que você descubra muitas possibilidades criativas com as canetas esferográficas além de conhecer um pouco do trabalho do artista maranhense Jailson Belfort.

Primeiro, é bom lembrarmos: para que servem as canetas esferográficas, mesmo?

Em resumo, o nome esferográfica não é por acaso: há uma pequena esfera na sua ponta que controla a saída de tinta e isso é o que a torna tão especial.

Tendo essa característica em mente, você vai perceber que, quanto mais inclinar a caneta, menos contato a ponta terá com o papel – logo mais claro será o seu traço. Já se você deixar a caneta em pé, sairá mais tinta, resultando num traço mais escuro.

Junte essa alternância no fluxo de tinta ao controle do peso da sua mão e você terá uma grande gama de tons que variam do mais claro, quase desaparecendo no papel, aos mais escuros. Brincando com essa variação é possível criar áreas de luz e sombra, trazendo mais volume e vida para o seu desenho.

Arte que homenageia

Com o apoio de canetas esferográficas nas cores azul, vermelho, verde, rosa, entre outras, o artista Jailson Belfort recria cenários de Brasília e detalha monumentos e espaços públicos com um olhar que brinca com tonalidades, linhas e, principalmente, com a criatividade. Nascido no Maranhão e radicado em Brasília desde 1999, o artista usa suas criações para interligar memórias, vivências e contrastes de ambas as realidades.

Por utilizar apenas a tinta da caneta para retratar efeitos de luz e sombra, ângulos de visão, texturas e densidade, a obra do artista preza por detalhes e traços minuciosamente encaixados, que convidam o visitante a observar atentamente e refletir sobre a composição de cada objeto e cena no espaço. Dentre suas obras, destaque para os famosos cobogós, ipês e azulejos característicos de Brasília. Monumentos, templos religiosos e até mesmo um grande mapa do Plano Piloto em detalhes ganham vida nos traços do maranhense.

“Gosto da ideia de usar um instrumento comum, do dia a dia, para fazer arte. O uso da caneta esferográfica representa um traçado definitivo, sem a possibilidade de correção, o que torna tudo ainda mais desafiador. O resultado é gratificante”, conta Belfort.

Sobre o artista

Jailson Belfort nasceu em São Luis, Maranhão, e mudou-se para Brasília em 1999. É formado em Design pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e iniciou a carreira como ilustrador e diretor de arte. O artista cultiva a paixão pelo desenho desde a infância. Com um lápis na mão, as folhas de papel davam vida à sua imaginação. Atualmente, é designer gráfico no Supremo Tribunal federal (STF). Suas maiores inspirações em técnica e criatividade são M. C. Escher, Laerte, Quino e Daniel Azulay.

Exposição Brasília em Traços

A exposição “Brasília em Traços” chega à galeria JK Espaço Arte, onde o público pode conferir de perto as doze obras assinadas pelo artista maranhense Jailson Belfort. Feitas com caneta esferográfica, cada uma das peças retrata a Capital Federal e seus seus principais monumentos e ícones. A mostra é gratuita e ficará aberta até o dia 31 de março, no Piso S1 do JK Shopping, com funcionamento de segunda-feira a sábado, das 10h às 22h, e aos domingos e feriados, das 14h às 20h.

Mas aí, que tal fazer alguns exercícios para explorar as possibilidades da caneta esferográfica? Confira essas dicas:

Comece apenas rabiscando.

Neste momento, não se preocupe em criar um desenho, apenas teste as nuances que vão surgir com a angulação e força que colocar no traço. Experimente começar com o traço bem fraquinho e deixá-lo bem forte no final. Depois de rabiscar bastante você pode partir para formas.

Desenhe algumas formas simples

Como por exemplo: círculos ou quadrados e use a caneta para adicionar volume, imaginando que há uma luz incidindo sobre elas. Essa é uma ótima maneira de aprender a controlar a força do seu traço, além de treinar sua percepção de como a luz pode se espalhar sobre uma forma.

Talvez agora você já queira iniciar um desenho mais elaborado

Para isso, comece com um esboço feito de lápis, tente deixar a mão o mais leve possível, fazendo traços suaves que não marquem o papel, assim ao finalizar o desenho com a caneta esferográfica o esboço de lápis poderá ser apagado facilmente.

Obs: Ao desenhar é normal que fique um pouco de tinta acumulada na ponta da caneta, deixando alguns pequenos borrões no desenho. Essas manchas podem provocar uma textura interessante, mas caso queira criar áreas mais uniformes é só deixar um papel ao lado para limpar a ponta entre um traço e outro.

A tinta da caneta esferográfica seca bem rápido, então há pouco risco de borrar, mas para aquelas áreas que ficam com bastante tinta é bom esperar um minutinho.

Diferente do lápis, não dá para apagar os traços feitos com caneta, não é mesmo? Mas é possível pensar nos dois materiais de forma parecida.

Adicione volume ao seu desenho começando com os tons mais claros e deixe os traços mais fortes para o final, como se construísse camadas.

Desta forma será muito mais fácil não passar do ponto e deixar o seu desenho ainda mais incrível.

Viu só como as canetas esferográficas podem ser surpreendentes?! Agora é partir para a prática e desenhar bastante! Marque a gente (@jkshopping_df) nas suas artes no instagram.

Por Ana Gabrielle Ramos, redatora